quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Blade Runner: O Caçador de Androides (Blade Runner, 1982)

No início de sua carreira cinematográfica, Ridley Scott era responsável por dirigir filmes inovadores e expressivos. Já em seu segundo longa, Alien: O Oitavo Passageiro, o diretor se aventurou pela Ficção Científica em uma época ainda não tão favorável para o gênero graças à precariedade dos efeitos especiais. Três anos depois, Scott se arriscaria mais uma vez no território Sci-Fi. Blade Runner: O Caçador de Androides abandonou boa parte do suspense claustrofóbico do primeiro filme dos Xenomorfos e se estabeleceu como uma grande referência do neo noir.


Harrison Ford estava em ascensão na época. O astro havia recentemente participado de dois filmes de grande repercussão mundial: O Império Contra-Ataca e Os Caçadores da Arca Perdida. Ford, embora não tenha sido a primeira opção para o papel principal, topou participar de Blade Runner por ter se interessado pelo conceito e por querer interpretar um personagem mais denso. Convenhamos que Han Solo e Indiana Jones não são personagens tão desafiadores, ainda que extremamente cativantes.

O ambiente do filme é a Los Angeles de 2019. Os Blade Runners são policiais especializados em perseguir e “aposentar” os Replicantes, androides fisicamente semelhantes aos humanos, porém superiores em força e agilidade e aos menos tão inteligentes quanto. Os Replicantes foram criados para o trabalho escravo em colônias para explorar e colonizar outros planetas. Os modelos mais antigos tinham tempo de vida indeterminado e, quanto mais viviam, mais “humanos” se tornavam, representando uma ameaça aos humanos reais. Para evitar futuros problemas, a Tyrell Corporation, responsável pelos Replicantes, decide desenvolver as versões mais recentes, chamadas de Nexus-6, para durar apenas quatro anos.

Entretanto, ao descobrir o fato, um pequeno grupo de Replicantes Nexus-6 se rebela, matando as pessoas da colônia e posteriormente se dirigindo à Terra, onde são ilegais, a fim de encontrar Eldon Tyrell (Joe Turkel), seu criador, a única pessoa que poderia encontrar uma forma de prolongar suas vidas. Enquanto isso, somos apresentados a Rick Deckard (Ford), um Blade Runner aposentado que logo se vê forçado a voltar à ativa pelo seu antigo chefe Bryant (M. Emmet Walsh) após ser informado sobre o motim ocorrido e a iminente chegada dos Nexus-6 à Terra.

A única forma de distinguir humanos e Replicantes é através do teste Voight-Kampff, no qual o sujeito é submetido a uma série de perguntas de cunho emocional – os Replicantes não possuem memórias de infância. Para testar a máquina que auxilia no teste, Deckard se dirige à própria Tyrell Corporation e descobre que Rachael (Sean Young), a assistente de Tyrell, é também uma Replicante, cujas memórias foram implantadas a fim de convencê-la de que é uma humana. Ao saber que não é quem pensava ser, Rachael passa a temer por sua vida.

Se no início do texto mencionei que Blade Runner é um ícone do neo noir, isto se deve à fotografia fenomenal de Jordan Cronenweth – que investe em tons mais escuros e sorumbáticos – e a trilha sonora do mestre Vangelis. A direção de Scott é pontual, investindo em longos planos abertos a fim de conferir veracidade àquela Los Angeles distópica – os efeitos visuais são excelentes mesmo após décadas de inovação na área. As atuações não comprometem. Talvez a única digna de menção seja a do holandês Rutger Hauer, conferindo imponência, intelecto, perigo e loucura a Roy Batty, o líder do grupo de Replicantes. É uma pena que Hauer tenha tão pouco tempo para brilhar, já que, apesar de roubar a cena no terceiro ato, seu personagem aparece apenas em mais uma sequência durante o filme.

Blade Runner teve diversas versões. O corte que conheço é o Director’s Cut, lançado dez anos depois. Ele deixa de lado o desfecho original – o “final feliz” imposto pelo estúdio – e a narração em off de Deckard. Algumas outras inserções foram feitas para deixar o filme mais ambíguo, o que funciona perfeitamente, já que o roteiro respeita o intelecto do espectador ao deixar algumas pistas e pontas soltas. A versão original de 1982 não agradou muito o público e a crítica especializada, mas o corte de 1992 foi responsável por elevar Blade Runner ao status de filme cult, sendo considerado um dos melhores de seu tempo. Infelizmente, o ritmo lento da narrativa por vezes a torna cansativa – o que deve ser recorrente em todas as versões, que variam entre 113 e 117 minutos de duração.

Nota: ****

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