terça-feira, 2 de dezembro de 2014

It: Uma Obra Prima do Medo (It, 1990)

Há certos filmes que levamos anos, às vezes décadas para assistir. Em muitos casos, a expectativa só aumenta com o passar do tempo e todas as vezes nas quais amigos e familiares recomendam um mesmo filme específico. E também, em muitos casos, a melhor opção seria jamais tê-lo assistido, pois nossa imaginação de como o filme deve ser pode acabar sendo muito melhor do que o produto em si. É o caso de It: Uma Obra Prima do Medo, o qual assisti recentemente.


It é baseado na obra homônima do mestre Stephen King, publicado em 1986. A adaptação, dirigida por Tommy Lee Wallace, não foi feita para os cinemas. Trata-se de uma minissérie de televisão de apenas dois capítulos, cada um contendo 90 minutos de duração e ambos focando em um grupo de amigos chamado O Clube dos Perdedores. A primeira metade se passa nos anos 60 e introduz o grupo de heróis, os párias Bill (Jonathan Brandis), Ben (Brandon Crane), Beverly (Emily Perkins), Eddie (Adam Faraizl), Ritchie (Seth Green), Mike (Marlon Taylor) e Stan (Ben Heller). Juntos ou separados, aos poucos são atormentados pelo misterioso palhaço Pennywise (em excelente atuação do sempre divertido Tim Curry), quem matou Georgie, o irmão caçula de Bill, logo no início da narrativa. Temendo um destino cruel, os Sete Sortudos unem forças para pôr um fim ao sádico palhaço. Após o esforço, fazem um pacto: caso Pennywise retornasse, todos eles se reuniriam para combatê-lo novamente, visto o quanto eram fortes juntos.

A edição se encarrega de apresentar os personagens já crescidos ainda nesta primeira parte, quando Mike, o único membro do grupo a continuar a viver na pequena cidade de Derry, onde tudo ocorreu, descobre que Pennywise está de volta após o assassinato de uma garotinha, o que o faz entrar em contato com seus velhos amigos. Acompanhamos a reação de cada um a receber sua ligação, seguida por um flashback que retrata o primeiro contato do indivíduo com o palhaço.

Enfim, ao passar dos 90 minutos, passamos a acompanhar apenas as versões adultas dos amigos de infância, quando todos regressam e se reencontram em Derry após décadas afastados para derrotar Pennywise de uma vez por todas. E é a partir daí que o filme perde muito, muito peso. Afinal, não há como temer tanto pelas vidas de alguns marmanjos (agora, pessoas bastante insossas) quanto por aquelas de crianças inocentes, fisicamente frágeis, mas corajosas, unidas e determinadas.

O elenco infantil é forte, coeso e possui grande carisma e química. O mesmo pode ser dito de seus personagens. Os 90 minutos iniciais são um belo exercício de suspense e narrativa. Já suas versões adultas são irritantes, quase unidimensionais – respectivamente, interpretadas por Richard Thomas, John Ritter, Annette O’Toole, Dennis Christopher, Harry Anderson, Tim Reid e Richard Masur, todos fracos, ao menos aqui. Confesso que, em certos momentos, desejei que Pennywise os matasse logo, pois não torcia mais pelo Clube dos Derrotados, mas para o fim daqueles inchados e arrastados 90 minutos finais. O desfecho é tosco, tanto o clímax corrido (mesmo com todo o tempo do mundo) quanto a cena final, em uma bicicleta no centro da cidade. O que vale mesmo é a atuação intrigante de Tim Curry.

Ao menos sempre teremos a primeira parte, ou capítulo, como queiram.

Nota: ***

2 comentários:

  1. De Stephen King, acho que vi todos os filmes e li todos os livros...O que mais me impressionou foi:O iluminado com Jack Nicholson de 1980 ...Voltarei...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Márcia. Certamente, o filme de Stanley Kubrick é incontestável, embora eu saiba que muita coisa foi adaptada do livro de King. Outro filme baseado em sua obra que acho sensacional é O Nevoeiro (The Mist).

      Excluir