Há
certos filmes que levamos anos, às vezes décadas para assistir. Em muitos
casos, a expectativa só aumenta com o passar do tempo e todas as vezes nas
quais amigos e familiares recomendam um mesmo filme específico. E também, em
muitos casos, a melhor opção seria jamais tê-lo assistido, pois nossa
imaginação de como o filme deve ser pode acabar sendo muito melhor do que o
produto em si. É o caso de It: Uma Obra
Prima do Medo, o qual assisti recentemente.
It é baseado na obra homônima do mestre
Stephen King, publicado em 1986. A adaptação, dirigida por Tommy Lee Wallace,
não foi feita para os cinemas. Trata-se de uma minissérie de televisão de
apenas dois capítulos, cada um contendo 90 minutos de duração e ambos focando em
um grupo de amigos chamado O Clube dos Perdedores. A primeira metade se passa
nos anos 60 e introduz o grupo de heróis, os párias Bill (Jonathan Brandis), Ben
(Brandon Crane), Beverly (Emily Perkins), Eddie (Adam Faraizl), Ritchie (Seth
Green), Mike (Marlon Taylor) e Stan (Ben Heller). Juntos ou separados, aos
poucos são atormentados pelo misterioso palhaço Pennywise (em excelente atuação
do sempre divertido Tim Curry), quem matou Georgie, o irmão caçula de Bill,
logo no início da narrativa. Temendo um destino cruel, os Sete Sortudos unem
forças para pôr um fim ao sádico palhaço. Após o esforço, fazem um pacto: caso
Pennywise retornasse, todos eles se reuniriam para combatê-lo novamente, visto
o quanto eram fortes juntos.
A
edição se encarrega de apresentar os personagens já crescidos ainda nesta
primeira parte, quando Mike, o único membro do grupo a continuar a viver na
pequena cidade de Derry, onde tudo ocorreu, descobre que Pennywise está de
volta após o assassinato de uma garotinha, o que o faz entrar em contato com
seus velhos amigos. Acompanhamos a reação de cada um a receber sua ligação,
seguida por um flashback que retrata
o primeiro contato do indivíduo com o palhaço.
Enfim,
ao passar dos 90 minutos, passamos a acompanhar apenas as versões adultas dos
amigos de infância, quando todos regressam e se reencontram em Derry após décadas
afastados para derrotar Pennywise de uma vez por todas. E é a partir daí que o
filme perde muito, muito peso. Afinal, não há como temer tanto pelas vidas de
alguns marmanjos (agora, pessoas bastante insossas) quanto por aquelas de crianças
inocentes, fisicamente frágeis, mas corajosas, unidas e determinadas.
O
elenco infantil é forte, coeso e possui grande carisma e química. O mesmo pode
ser dito de seus personagens. Os 90 minutos iniciais são um belo exercício de
suspense e narrativa. Já suas versões adultas são irritantes, quase
unidimensionais – respectivamente, interpretadas por Richard Thomas, John
Ritter, Annette O’Toole, Dennis Christopher, Harry Anderson, Tim Reid e Richard
Masur, todos fracos, ao menos aqui. Confesso que, em certos momentos, desejei
que Pennywise os matasse logo, pois não torcia mais pelo Clube dos Derrotados,
mas para o fim daqueles inchados e arrastados 90 minutos finais. O desfecho é
tosco, tanto o clímax corrido (mesmo com todo o tempo do mundo) quanto a cena
final, em uma bicicleta no centro da cidade. O que vale mesmo é a atuação
intrigante de Tim Curry.
Ao
menos sempre teremos a primeira parte, ou capítulo, como queiram.
Nota: ***
De Stephen King, acho que vi todos os filmes e li todos os livros...O que mais me impressionou foi:O iluminado com Jack Nicholson de 1980 ...Voltarei...
ResponderExcluirOlá, Márcia. Certamente, o filme de Stanley Kubrick é incontestável, embora eu saiba que muita coisa foi adaptada do livro de King. Outro filme baseado em sua obra que acho sensacional é O Nevoeiro (The Mist).
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